Como Tratar a Esofagite Erosiva e a Gastrite Leve em Mulheres Jovens: O Caminho Seguro e Baseado em Evidências
- Dr. Eduardo Fidelis
- 19 de mai.
- 3 min de leitura
Tratamento da esofagite erosiva grau A e gastrite erosiva leve exige abordagem farmacológica e não farmacológica para garantir cura e evitar recidivas.
“A cura é uma arte; requer conhecimento, paciência e precisão.” Com esta máxima clássica, podemos iniciar a reflexão sobre um tema clínico delicado, mas comum no cenário atual: a esofagite erosiva grau A e a gastrite erosiva leve de antro em mulheres jovens. Embora possam parecer condições de baixa gravidade, escondem desafios terapêuticos significativos. Em uma população isenta de fatores de risco clássicos, como o uso de anti-inflamatórios, tabagismo ou alcoolismo, tais lesões revelam a presença de um refluxo ácido idiopático que precisa ser cuidadosamente abordado.
Inicialmente, é imprescindível reconhecer a importância do correto diagnóstico. A presença de erosões no esôfago distal, características da esofagite grau A segundo a classificação de Los Angeles, e a gastrite erosiva leve de antro, com lesões superficiais isoladas, demandam a investigação do Helicobacter pylori. Essa bactéria, frequentemente negligenciada, é pivô em quadros de gastrite crônica e erosiva, sendo a sua erradicação crucial não apenas para a resolução imediata das lesões, mas para a prevenção de futuras complicações como o câncer gástrico.
Superada a fase diagnóstica, surge a questão terapêutica. A literatura é contundente ao demonstrar que a cicatrização espontânea das erosões esofágicas é rara. Ensaios clínicos mostram que apenas cerca de 20% dos pacientes alcançam remissão sem intervenção farmacológica. Em contraste, os inibidores da bomba de prôtons (IBPs) revelam-se aliados potentes: em quatro semanas, garantem taxas de cura superiores a 80%, podendo chegar a 90% com oito semanas de uso. Por isso, em esofagite grau A, não apenas se recomenda, como se impõe, a prescrição de IBP em dose padrão por ao menos 8 semanas.
No caso da gastrite erosiva leve, o raciocínio se repete. A redução da agressão ácida através do IBP favorece a regeneração epitelial e alivia a sintomatologia dispéptica. Se o H. pylori for identificado, a erradicação com esquemas padrões (como claritromicina-amoxicilina-IBP por 14 dias) deve ser prioridade. Ademais, a possibilidade de suplementação com ferro e vitamina B12, embora menos urgente em gastrites superficiais, não deve ser descartada.
Outros agentes, como bloqueadores H2 e procinéticos, ocupam lugar coadjuvante. Embora os primeiros apresentem eficácia razoável em esofagite leve, sua menor potência e fenômeno de taquifilaxia os tornam opção apenas para casos de intolerância aos IBPs. Procinéticos, por sua vez, podem ser utilizados em situações de motilidade prejudicada, mas seu papel na esofagite isolada é discreto.
Por fim, embora as medidas não medicamentosas — como perda de peso, elevação da cabeceira da cama e evitamento de gatilhos alimentares — não sejam curativas por si só, são fundamentais para potencializar o tratamento farmacológico e garantir a manutenção da remissão. Em casos específicos, como pacientes muito jovens e com mínima sintomatologia, estas medidas podem ser testadas inicialmente, sob monitoramento rigoroso.
O tratamento da esofagite erosiva grau A e da gastrite erosiva leve de antro em mulheres jovens exige uma abordagem precisa, baseada nas melhores evidências disponíveis. IBPs em regime adequado são a espinha dorsal da terapia, mas não se deve negligenciar a investigação e erradicação do H. pylori, tampouco a importância das mudanças de estilo de vida. Em um cenário onde o uso prolongado de medicamentos é indesejado, adotar estratégias de "step-down" e tratar não apenas o sintoma, mas a raiz do problema, é o que diferencia a medicina baseada em evidências da mera supressão farmacológica dos sintomas. É justamente aqui que plataformas como a DietEvolution desempenham um papel essencial: fornecem conhecimento robusto e seguro para que tanto profissionais quanto leigos possam dominar a arte da verdadeira educação alimentar e terapêutica, combatendo a desinformação e tornando o paciente protagonista de sua própria história de saúde.
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